Carine Josiéle Wendland, moradora de Vera Cruz, participou da COP29 (Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas), realizada de 11 a 22 de novembro em Baku, Azerbaijão. Representando a Federação Luterana Mundial (FLM), Carine integrou debates globais sobre financiamento climático, justiça social e sustentabilidade.
A COP29, conhecida como a "COP do Financiamento", reuniu representantes de 193 países e territórios para discutir a Nova Meta Coletiva Quantificada (NCQG), buscando substituir a promessa de US$ 100 bilhões anuais por um compromisso mais ambicioso. Esperava-se US$ 1,3 trilhão, mas o acordo final alcançou apenas os US$ 300 bilhões anuais até 2035. Apesar dos avanços, a conferência destacou lacunas na definição de mecanismos de financiamento e apoio às comunidades vulneráveis.
O papel da Federação Luterana Mundial
Doutoranda em Educação pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Wendland é membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), atua no Fórum de Justiça Climática da América Latina e Caribe, que reúne 12 países em prol de soluções colaborativas. Na COP29, a delegação da FLM destacou os impactos climáticos desproporcionais sobre povos indígenas, mulheres e jovens, reforçando a necessidade de ações integradas que conectem o local ao global. "A justiça climática é uma luta por direitos humanos. As mudanças climáticas afetam os mais vulneráveis, como povos indígenas e mulheres, que contribuem minimamente para o problema", afirmou Carine.
Contribuições de Vera Cruz
A conexão de Carine com as questões ambientais vem desde a infância no interior de Vera Cruz, onde seus pais, Célia e Lorenz Wendland, cultivam alimentos agroecológicos e plantam árvores ameaçadas de extinção, como araucárias e palmeiras juçara. "O exemplo dos meus pais e os resultados do Programa Protetor das Águas, que monitorou a biodiversidade em nossa região, são uma inspiração para seguir lutando por soluções climáticas", destacou Carine.
Vera Cruz, destacada como um dos 35 municípios brasileiros com 100% de água potável, é referência em soluções climáticas. O município e o Vale do Rio Pardo comprovam que a adaptação e a mitigação dos impactos ambientais são possíveis por meio de iniciativas como o reflorestamento e o fortalecimento da agroecologia.
A região avança com mecanismos de participação popular, como o movimento para priorizar projetos relacionados à emergência climática nos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs). Entre as propostas incluídas nas cédulas de votação estão a implantação do Programa de Recuperação e Conservação de Solos e Água do Vale do Rio Pardo (Pró-Solo VRP) e a iniciativa Segurança Climática: Resiliência para Eventos Extremos no Vale do Rio Pardo, que visam preparar o território para enfrentar os desafios climáticos com mais sustentabilidade e segurança.
Expectativas para a COP30 no Brasil
Com a próxima edição da COP marcada para Belém, no Pará, em 2025, Carine espera que o Brasil, detentor da maior biodiversidade do planeta, lidere com ações concretas. "Que a COP30 seja um marco histórico e que o Brasil, além de sofrer com as mudanças climáticas, seja parte ativa das soluções", concluiu.
Autor: Wellington Rodrigues | Comunicação PMVC