A denúncia anônima feita à Brigada Militar (BM) de Vera Cruz no fim do mês de setembro salvou a vida de um cavalo que sofria maus tratos por mãos humanas. Cego de um olho, o animal ajudava o dono na condução de uma carroça que recolhia resíduos para posterior reciclagem. Os policias chegaram nas imediações da Rua Roberto Gruendling e flagraram o espancamento no ato, levando o meliante à Delegacia. Após o cavalo ser recolhido, a BM acionou o plantão da Promotoria de Justiça e o encaminhou para a Vigilância Sanitária, sob responsabilidade do Município.
Devido a municipalidade não possuir lugar adequado para receber o cavalo, a prefeita Rosane Petry (PP) determinou que fosse encaminhado para local com condições a fim de prezar pela sua recuperação. O animal de pelagem clara e quase sem forças foi conduzido para um haras particular situado na localidade de Linha Borges de Medeiros, em Vera Cruz. “Quando nos deparamos com a questão fomos à procura de alternativas para sanar o problema. A vida de animais deve ser preservada e essa preocupação nos sensibiliza enquanto seres humanos. É nossa responsabilidade e uma questão de saúde pública”, justifica a líder do Executivo.
O proprietário do hotel para animais onde está hospedado o cavalo recolhido, Eriton Miguel Pedrozo, possui cerca de quatro hectares dedicados a criação e trata de 60 éguas e garanhões de diversas raças. “Ele está judiado e precisará de repouso absoluto. Aqui está sendo bem tratado e alimentado. Estamos cuidando dos seus ferimentos e fazendo o possível para a sua reabilitação breve”, diz Pedrozo, que o recebeu sensibilizado pelo gesto violento e dispõe de baia específica para sua acomodação.
Responsável pelo posto da Vigilância Sanitária local, o veterinário André Sant'Anna, alerta para o tratamento: “a medicação deverá ser em doses leves, pois o cavalo pode não resistir a remédios fortes, devido ao seu estado delicado”. Enquanto isso, o caso está sob a supervisão da Promotoria de Justiça. O animal permanecerá aos cuidados do haras temporariamente, até o fim do julgamento, que decidirá o destino do cavalo. O judiciário terá o poder de decidir se o animal retornará para a posse do antigo dono ou se irá para a adoção. “O inquérito civil está em tramite e pretendemos chegar num acordo que preze por condições justas e dignas”, disse a promotora Maria Fernanda Cassol Moreira, responsável pela apuração.